Respiração e saúde

A primeira coisa que fazemos ao nascer é respirar; a última coisa que fazemos antes de morrer é respirar.

A vida começa e termina com a respiração. Podemos ficar dias sem comer, horas sem beber, mas em poucos minutos sem respirar. E, no entanto, você já reparou como respira?

Em razão do estresse continuo, vamos diminuindo nossa capacidade respiratória. E cria-se um ciclo vicioso, pois quanto mais rápida e curta a respiração, mais aumenta o estresse. Também diminuímos a quantidade de oxigênio e de prana circulando no organismo, o que abre as portas para muitas doenças, algumas tão graves quanto o câncer.

Dentro da tradição milenar do Yoga, os exercícios respiratórios são reconhecidos como poderosas ferramentas para aumentar nossa energia vital, imunidade e longevidade. Em sânscrito eles são chamados de pranayamas. Esses exercícios trabalham o controle sobre a energia vital, a força principal que cria e sustenta o corpo.

A respiração é a ponte que une o consciente ao inconsciente e que nos mantém em contato com o momento presente. Assim, dominar a respiração significa dominar a mente e as emoções. Ao respirarmos de forma acelerada e curta, usamos apenas uma capacidade limitada dos pulmões, captando pouco oxigênio e prana. Pesquisas mostram a relação entre a quantidade de oxigênio e a ocorrência de doenças. Quando os níveis de oxigênio no sangue estão baixos, as pessoas adoecem ou têm sua longevidade reduzida.

Em 1931, o médico Otto Wartburg ganhou o prêmio Nobel de Medicina ao demonstrar que o câncer é anaeróbio, ou seja , não sobrevive em ambiente oxigenado. Em resumo, ele demonstrou que entre as diversas causas do câncer, há uma principal: a falta de oxigênio no nível celular.

Cada estado emocional também possui um ritmo respiratório característico e esse ajuste é feito de forma inconsciente. Quando estamos tensos, respiramos de maneira superficial, acelerada e torácica. Quando estamos relaxados, a respiração é profunda, lenta e abdominal. Essas reações são mais facilmente percebidas no caso de emoções intensas. Num momento de grande susto, por exemplo, prendemos a respiração. Se tivermos diante de uma grande paixão, nossa respiração acelera.

E se as emoções influem nos padrões respiratórios, o oposto também é verdadeiro: a forma como respiramos tem impacto decisivo sobre como nos sentiremos. Desse modo, a respiração torna-se uma ferramenta de bem-estar preciosa. A respiração consciente não só nos leva a estados emocionais desejáveis como também afeta nossos estados mentais.

 

 

Extraído de Filosofia de Bem-estar de Márcia de Luca e Lúcia Barros